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domingo, 8 de março de 2009

A Delicadez de uma Mulher

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Amo a delicadeza de uma mulher
Vestindo uma meia-calça
E mais ainda tirando-a.

Amo a delicadeza de uma mulher
Tirando os brincos, colares, tiaras, pulseiras
E vestindo uma camisola para dormir.

Amo a delicadeza de uma mulher dormindo,
Do seu jeito de experimentar a comida ainda na panela,
De seus ais, de seus uis,
De suas lágrimas brotando quietas,
De seus sorrisos de olhos fechados.

Amo até mesmo a delicadeza do respirar de uma mulher,
Do andar interagindo os cabelos e quadris,
E mais que tudo a delicadeza inconsciente de existir.

Amo a delicadeza de uma mulher
Dizendo meu nome, dizendo um palavrão,
Dizendo uma coisa qualquer sem sentido num momento inadequado.

E a delicadeza de uma mulher atravessando a faixa de pedestres
Ao sinal vermelho para os automóveis
E a delicadeza com que a corre, ao vermelho para si.

Amo a delicadeza de uma mulher pedindo parada ao ônibus,
Passando a roleta, olhando o ônibus curiosa,
Os passageiros, descendo do ônibus.

Uma mulher cheirando uma fruta, apalpando-a,
Na prateleira de um supermercado,
Sentindo a quentura do pão de manhã cedo,
Comendo a fruta e o pão, comendo fruta-pão,
Ou qualquer outra coisa
É tanta delicadeza que eu amo.

Amo a delicadeza de uma mulher
Escrevendo uma poesia, recitando uma poesia,
Sendo uma poesia.

Amo ainda a delicadeza de uma mulher trabalhando
Nos serviços mais pesados até os de dondocas,
Lutando por sua liberdade, independência...
Amo também a delicadeza das dondocas.


Não há beleza, inteligência ou conta bancária
Maior que a delicadeza de uma mulher.
E a delicadeza de uma mulher é sua alma,
Quando vai-se o corpo, fica a delicadeza.

Ah, eu amo, eu amo a delicadeza de uma mulher,
Mas não gosto, repugno, enojo, repulso,
Uma mulher qualquer
Sem delicadeza.

Uma homenagem singela a vocês, mulheres, por serem a porta de entrada para o mundo, por serem responsáveis por essa flora a qual chamamos de humanidade, pela importância bradante de vossa existência, por todas as questões históricas e fisiológicas e até mesmo por serem muitas vezes culpadas do grande sofrimento emocional de nós homens, pelo poder clarividente que têm sobre nós, e por toda a inspiração proporcionada.

(Lalo Oliveira)

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9 comentários:

Ingrid B. Montenegro disse...

um dos melhores teus ,que já li. Não porque fala da mulher com uma delicaza diferente, mas não sei, passou uma coisa especial, uma sinceridade, uma coisa muito boa.

adorei, Lalo, A-D-O-R-E-I.
um beijo.

Gabriela. disse...

Vc já tem o jeito Lalo de escrever, que quem lê já consegue identificar.
Gostei tbm da mensagem em cinza no final :}
Vou botar só um dos muitos PS's que gostamos. :D

PS.: tu só nas atividades domésticas: experimentar a comida na panela, apalpar fruta no supermercado... lálálálá
hehehe

Only feelings disse...

=D
Ai que romântico! Quanta sensibilidade!
Viva ao meu poeta favorito!
Amo-te baby!
=******

[ rod ] ® disse...

Você sempre a superar a si mesmo.. bela homenagem meu caro.

Abçs,





Novo Dogma:
reiNo...


dogMas...
dos atos, fatos e mitos...

http://do-gmas.blogspot.com/

Lucas Cassol Gonçalves disse...

Os Românticos nunca morrem...

PS: Voltarei.

Sem nome disse...

compartilho com você, caro Lalo

Unknown disse...

ENCANTADA COM A DELICADEZA DE SUAS PALAVRAS..LINDA POESIA :)

Carol disse...

Esse foi sem dúvida um dos principais poemas que eu li e me encanto lá no fundo...
Sempre li todo tipo de poemas, de todos os tipo de poetas, nacionais e estrangeiros...mas esse poema me tocou de uma forma única. Não sei bem o que foi...mas a sensibilidade com que fala das mulheres, dos detalhes que consegue transmitir e descrever...
Simplesmente perfeito ♥

Marcelo Augusto Ferreira disse...

Bravo!!