.
Amo a delicadeza de uma mulher
Vestindo uma meia-calça
E mais ainda tirando-a.
Amo a delicadeza de uma mulher
Tirando os brincos, colares, tiaras, pulseiras
E vestindo uma camisola para dormir.
Amo a delicadeza de uma mulher dormindo,
Do seu jeito de experimentar a comida ainda na panela,
De seus ais, de seus uis,
De suas lágrimas brotando quietas,
De seus sorrisos de olhos fechados.
Amo até mesmo a delicadeza do respirar de uma mulher,
Do andar interagindo os cabelos e quadris,
E mais que tudo a delicadeza inconsciente de existir.
Amo a delicadeza de uma mulher
Dizendo meu nome, dizendo um palavrão,
Dizendo uma coisa qualquer sem sentido num momento inadequado.
E a delicadeza de uma mulher atravessando a faixa de pedestres
Ao sinal vermelho para os automóveis
E a delicadeza com que a corre, ao vermelho para si.
Amo a delicadeza de uma mulher pedindo parada ao ônibus,
Passando a roleta, olhando o ônibus curiosa,
Os passageiros, descendo do ônibus.
Uma mulher cheirando uma fruta, apalpando-a,
Na prateleira de um supermercado,
Sentindo a quentura do pão de manhã cedo,
Comendo a fruta e o pão, comendo fruta-pão,
Ou qualquer outra coisa
É tanta delicadeza que eu amo.
Amo a delicadeza de uma mulher
Escrevendo uma poesia, recitando uma poesia,
Sendo uma poesia.
Amo ainda a delicadeza de uma mulher trabalhando
Nos serviços mais pesados até os de dondocas,
Lutando por sua liberdade, independência...
Amo também a delicadeza das dondocas.
Não há beleza, inteligência ou conta bancária
Maior que a delicadeza de uma mulher.
E a delicadeza de uma mulher é sua alma,
Quando vai-se o corpo, fica a delicadeza.
Ah, eu amo, eu amo a delicadeza de uma mulher,
Mas não gosto, repugno, enojo, repulso,
Uma mulher qualquer
Sem delicadeza.
Uma homenagem singela a vocês, mulheres, por serem a porta de entrada para o mundo, por serem responsáveis por essa flora a qual chamamos de humanidade, pela importância bradante de vossa existência, por todas as questões históricas e fisiológicas e até mesmo por serem muitas vezes culpadas do grande sofrimento emocional de nós homens, pelo poder clarividente que têm sobre nós, e por toda a inspiração proporcionada.
(Lalo Oliveira)
.
9 comentários:
um dos melhores teus ,que já li. Não porque fala da mulher com uma delicaza diferente, mas não sei, passou uma coisa especial, uma sinceridade, uma coisa muito boa.
adorei, Lalo, A-D-O-R-E-I.
um beijo.
Vc já tem o jeito Lalo de escrever, que quem lê já consegue identificar.
Gostei tbm da mensagem em cinza no final :}
Vou botar só um dos muitos PS's que gostamos. :D
PS.: tu só nas atividades domésticas: experimentar a comida na panela, apalpar fruta no supermercado... lálálálá
hehehe
=D
Ai que romântico! Quanta sensibilidade!
Viva ao meu poeta favorito!
Amo-te baby!
=******
Você sempre a superar a si mesmo.. bela homenagem meu caro.
Abçs,
Novo Dogma:
reiNo...
dogMas...
dos atos, fatos e mitos...
http://do-gmas.blogspot.com/
Os Românticos nunca morrem...
PS: Voltarei.
compartilho com você, caro Lalo
ENCANTADA COM A DELICADEZA DE SUAS PALAVRAS..LINDA POESIA :)
Esse foi sem dúvida um dos principais poemas que eu li e me encanto lá no fundo...
Sempre li todo tipo de poemas, de todos os tipo de poetas, nacionais e estrangeiros...mas esse poema me tocou de uma forma única. Não sei bem o que foi...mas a sensibilidade com que fala das mulheres, dos detalhes que consegue transmitir e descrever...
Simplesmente perfeito ♥
Bravo!!
Postar um comentário