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Triste o pássaro planava
Negro nas correntes quentes de ar.
Só quando sentia descia o cheiro
Da carniça, para carniçar.
As asas coloridas eufórico batia
O beijoqueiro no meio das flores.
Alegre seguia a beijar
As damas de todas as cores.
Quando o urubu chegava perto
Todos os homens o espantavam.
Quando chegava o beija-flor
Os mesmos se abestalhavam.
E o primeiro seguia carente
Por não ter quem dele gostasse.
O outro depressa partia
Logo que aparecia gente.
Um dia o acaso os juntou
E o urubu cantou suas dores:
“Querem que eu seja você,
Alegre e cheio de cores,
Ninguém me quer como sou.”
O beija-flor inteligente
Não se conteve, retrucou:
“Cheiro os melhores perfumes,
Só vivo no meio de flores,
Mas não sou melhor que você
Que cheira os mais podres estrumes.”
E voou o pássaro maior,
Foi-se embora contente.
Aprendeu que ser diferente,
Não é ser melhor ou pior,
Mas ser apenas diferente.
(Lalo Oliveira)
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P.S.: Boas Festas.
3 comentários:
Não sei se penso como o poeta ou o poeta pensa um pouco igual a mim. Não, na verdade acredito que seus pensamentos são universais porém apenas aqueles que possuem algum grau de sensibilidade conseguem ver em seus escritos um espelho refletor de seus sentimentos e aflições. Muito rico o texto, de grande significância para mim.
muito lindo. (:
O que eu havia dito antes, com certeza se aplica aqui também:
Cada vez que volto a ler teus poemas vejo o quanto eles vêm amadurecendo e o quanto você já escreve como se escrevesse a 10 anos...
Meu poema preferido!
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