Passo as noites sozinho
meu corpo nada toca além da roupa
pássaro barato, sem graça e sem ninho
canto, canto em vão e de voz rouca.
Nada além do copo encosta minha boca
e além do copo nada segura minha mão,
em meu pescoço apenas beijo do cordão
que uso, indelicada prata tosca.
Não quero nada disso, quero a matéria
na qual há sangue e poros que transpiram
e há cabelos, olhos e boca séria
que dá beijos doces que inspiram.
Onde está? Onde enfiou-se? Se escondeu?
Com tanta carne no mundo, mereço fome?
Sem nada ter, sem nada vir, sozinho eu
tenho cama pra dormir, mas sou insone.
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