(Texto do amigo Yerick Douglas, uma singela homenagem. Compartilho com vocês)
Vai, poeta.
Escreve qualquer coisa que possa desabrochar teus mais sofredores sentimentos em um pedaço de papel, permitindo que a dor vá embora e reste somente o alívio que te consome. Pergunta para o próximo se ele tem compaixão com teus sentimentos, se ele carece saber quais as mulheres que tu amou, ou que tu deixastes de amar.
Pega um livro de piadas e uma cachaça.
Depois ri da própria desgraça.
Não tenho pena de ti, poeta. Pena no homem é o sentimento mais feio. Antes de tudo, possuo um apreço sem igual pela tua arte. Aliás, se soubesse fazer poesia, com certeza esse texto estaria dessa forma. Entre versos e estrofes.
Mas não. As formas de se expressar são tantas que prefiro manusear a prosa. A bela de linhas e parágrafos. Entretanto, eu te invejo, poeta. És capaz de expressar tuas mágoas de forma fantástica, deixando claro que a sede de paixões é maior do que as adversidades que se enfrentam para conseguir os êxitos.
E foram nas noites de dormências, enquanto falávamos das sereias que conduziam as marés das nossas vidas que pude observar o quão fascinante é o sentimento humano. Odiar a primeira vista e passar a apreciar na segunda. Pois a poesia parte o coração viril, e mesmo que o amor açoite, após o dia vem o outro dia, e o outro dia. E os sentimentos continuam os mesmos, como se de nada tivesse adiantado escrever.
Compartilho do mesmo destino. Não acredite que só porque faço coisas lógicas não possa sentir o terror que atormenta a alma e explode o coração. A nuvem negra forma a tempestade e faz nossos corações baterem mais fortes por pessoas que não merecem absolutamente nenhuma compaixão.
As pessoas, poeta, são como estrelas cadentes. Rapidamente surgem e desaparecem, deixando somente o rastro de fogo de sua cauda, queimando e marcando nossas vidas, nossa história.
Como se eu fosse filósofo, duvido. Duvido muito que sejamos capazes de superar terminantemente essa eterna condição. Algo semelhante a uma maldição, que nos deixa em prantos, que transbordam de nossos olhos.
No entanto, penso que antes de escrever é necessário refletir. Talvez não sejamos nós os verdadeiros culpados por essa condição, por esse vil estágio de sofrimento, de falsas esperanças.
Basta.
Quero pisar no resto do cigarro, vingar-me da minha destruição. Quero aproveitar cada ínfimo momento da minha vida, perigar em lugares escondidos, tornar-me ébrio.
E depois, são.
Diz-se que os momentos passam, que as experiências são os frutos da sabedoria, da consciência. Então, amigo, pois para que tanta preocupação? Da forma que falastes, viverei o prazer sem limites; deixando de lado essa miserável dor, cuspirei frente às emoções e aos seus consequentes.
Não irei fazer um texto que sangre e suje o papel, poeta. Mais do que isso, farei um onde possa gargalhar frente aos problemas que temos, e que superamos. Mesmo que eu possa ter alguém que amo e que não queira que ela saiba. Mesmo que a lua brilhe lá no alto, enquanto embaixo estivermos aflitos.
Chega.
Irei tornar-me um revolucionário da minha própria vida. Tomar o controle, o poder, e só então eu vejo o que vou fazer.
Mas, por enquanto.
Seremos dissimulados, de boa aparência e saudáveis. Tragar uísques nas mais variadas mesas de mármore e aproveitar aquilo que nos resta.
Que nos deixa felizes, e ébrios.
Um abraço.
Yerick Douglas 03/11/2010
Dedicado a Layrtthon Oliveira.
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