Páginas

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Passo as noites sozinho

Passo as noites sozinho
meu corpo nada toca além da roupa
pássaro barato, sem graça e sem ninho
canto, canto em vão e de voz rouca.

Nada além do copo encosta minha boca
e além do copo nada segura minha mão,
em meu pescoço apenas beijo do cordão
que uso, indelicada prata tosca.

Não quero nada disso, quero a matéria
na qual há sangue e poros que transpiram
e há cabelos, olhos e boca séria
que dá beijos doces que inspiram.

Onde está? Onde enfiou-se? Se escondeu?
Com tanta carne no mundo, mereço fome?
Sem nada ter, sem nada vir, sozinho eu
tenho cama pra dormir, mas sou insone.

Nenhum comentário: