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sábado, 5 de dezembro de 2009

Da Dissimulação

Não temo os mendigos maltrapidos
E rasgados com suas barbas proféticas
E seus cabelos cheios de bichos
E suas peles e seus dentes e suas unhas podres, podres.
Tampouco temo a cachaça vagabunda
E o cigarro que carregam entre os dedos.

O que não quer dizer
Que eu goste deles.

Temo mesmo estes senhores de terno
De boa aparência e saudáveis
Tão limpos, portando matérias reluzentes
E tragando uísques numa mesa de mármore.

Temo a pasta que levam
Temo a pasta em que se escondem
E que por vezes surgem repentinos

Emsúbito

Monstruosamente.

3 comentários:

Only feelings disse...

Tememos o poder daquilo que não conhecemos.
Todos.

Greta Manilla disse...

Eu não temo não. Eles que devem me temer! ô.ô

Everaldo Ygor disse...

E eu por aqui, tomo essa cachaça vagabunda e vou apreciando sua poesia...
Abraços